top of page

Em terra de Zé Carioca, Donald não tem vez.

  • Foto do escritor: Mundo Encantado dos Livros
    Mundo Encantado dos Livros
  • 20 de jul.
  • 3 min de leitura

Uma sátira afiada das relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente. Traz  personagens muito brasileiro. O papagaio Zé Carioca e o arrogante Pato Loiro,  texto escancara o servilismo da política externa brasileira, a ilusão do “american dream” tropical e a astúcia popular que resiste às imposições de fora. É uma crítica bem-humorada, mas contundente, ao complexo de vira-lata e à diplomacia de palmadinha nas costas.

ree

Dizem que Deus é brasileiro, mas tem gente no Norte que acha que Ele nasceu no Texas, usa terno da CIA e fala "God bless America" com sotaque de filme dublado.


A cada eleição americana, o Brasil segura o fôlego como se estivesse esperando o resultado de uma final de Brasil e Argentina em Copa do Mundo. E quando o vencedor foi Donald Trump...   ahhhh parecia que o mundo tinha virado episódio de “Os Simpsons”.


O homem, arrogante e alaranjado, apareceu com aquele topete que desafia a gravidade e um ego que desafia a ONU e a minha esposa.


Um pato metido a galo, cheio de ideias mirabolantes e diplomacia de Twitter. Veio com promessas de alianças, acordos, sorrisos congelados e palmadinhas nas costas.


Só que aqui, meu amigo, é terra de Zé Carioca. E em terra de Zé Carioca, Donald não tem vez. Aqui comemos pato no tucupi.


Zé pode até andar de chinelo, contudo tem mais malícia no bico que muito embaixador em coquetel. Enquanto Trump se bronzeia em estufa, o brasileiro pega sol de graça, em fila de lotérica, segurando a senha 452 para tentar resolver o imposto de renda parcelado.


O Brasil, com sua alma de samba e sua cabeça de planilha, tentou ser amigo do grandão. Cedeu, se curvou, bateu continência até para poste se achando farol da liberdade. Liberamos entrada de máquinas, de aeronaves, de tudo... menos de dignidade. Tudo isso por uma vaga na tal OCDE, esse clube seleto onde os ricos fingem que se gostam.


E o que ganhamos? Uma promessa vaga, uma selfie borrada e um "depois a gente vê". E recentemente um tarifaço. Ah, está foi a gota d'água!


Chega patão.


Trump chegou como quem quer comprar o mercado todo e ainda parcelar em 12 vezes. Tentou nos vender democracia com drone e liberdade com tarifa alfandegária. E achou mesmo que podia transformar esse país continental em quintal de condomínio americano. Aqui não pato veio!!!


No entanto não é de hoje que o Tio Sam se acha síndico da América Latina. Desde os tempos em que apoiavam golpe aqui e derrubavam presidente ali, os Estados Unidos tratam a gente como série B do mundo, só que com recursos A+. Snowden que o diga, quando revelou que o Obama, aquele que sorria bonito, espionava até nossa presidenta no e-mail e provavelmente pedia pizza no iFood diplomático.


Só que aqui é Brasil, meu chapa. E o Brasil é como feijoada: mistura de tudo, mas forte. Enquanto o Donald é pato de gravata e cara amarrada, a gente tem o Zé Carioca: um papagaio que fala muito, sim, entretanto também sabe cantar e improvisar melhor que muito diplomata de Harvard.


O tal "American Dream" nunca pousou por aqui. Pelo contrário: sobrevoou, fez selfie, explorou e foi embora deixando dívida. Enquanto eles sonham em construir muros, a gente sonha com pontes, mesmo que o cimento venha do Paraguai e a mão de obra seja do meu amigo Adriano, o Pezão, pedreiro de confiança.


Em terra de Zé Carioca, Donald não tem vez. Porque aqui a gente pode ser desorganizado, barulhento e até um pouco debochado... Rs... contudo não é burro. Sabemos quando estamos sendo explorados (as vezes demora um pouco, rs) e, olha, o Brasil já tomou muito golpe disfarçado de abraço.


No fim, podem vir com dólar, com diplomata, com proposta indecente, tarifaço ou meme de Twitter. Aqui tem tamborim, tem memória e tem resistência.


Aqui, se tentar dar carteirada, o Zé Carioca manda logo:

— Meu irmão, aqui não é Disney. E pato que se mete com papagaio esperto, acaba depenado e na panela.


✍️ Escrito por: Arthur Souto


📚 Autor de: Pé de Menina, O Tumbeiro (Prêmio Book Brasil 2024), A Fada do PIX (Prêmio Ecos da Literatura), Minha vida em versos e flores.


📸 Instagram: @mundo_encantado_dos_livros

🔗 Blog: mundoencantadodoslivros.blogo


🎉 E vem lançamento por aí, um livro hiper divertido: Tonha, a barraqueira.

 
 
 

Comentários


bottom of page