top of page

Professor em Modo Economia de Energia

  • Foto do escritor: Arthur Souto
    Arthur Souto
  • há 7 dias
  • 2 min de leitura

Chega o fim do ano e o professor entra em modo economia de energia: corpo presente, alma em recesso e bateria piscando em 1%. Não é preguiça, é sobrevivência depois de meses ensinando, insistindo, improvisando e sustentando a educação no braço. Nesta crônica, Arthur Souto traduz, com humor e crítica, o cansaço de quem chega ao encerramento do ano letivo precisando menos de aplausos e mais de respeito.


ree

Chegamos oficialmente àquela fase do ano em que o professor não anda… ele se desloca em câmera lenta, como celular velho com 1% de bateria pedindo misericórdia. O corpo está presente, contudo an alma entrou em recesso faz uns quinze dias.


O ano letivo terminou, mas o cansaço resolveu renovar matrícula automaticamente, pelo visto, sem possibilidade de transferência. É um cansaço que não se resolve com café, e olha que amamos café forte. Tentamos com café forte, café fraco, café “só mais um golinho” e até com aquele café que a gente toma só pra manter a esperança viva.


O professor encerra o ano com olheiras nível patrimônio histórico e uma coleção de frases que só quem é da área entende:  “Mas isso não estava no combinado…”, “Já expliquei três vezes.”, “Coloquem o nome na folha, pelo amor da legislação educacional!”


E enquanto a gente dava aula, corrigia prova, preenchia planilha, inventava metodologia criativa com orçamento imaginário e fazia milagre pedagógico com material reciclado… os governantes davam aquela valorização clássica: serão reconduzidos apenas as almas boas. Um verdadeiro “parabéns pelo esforço, agora volte ao trabalho”.


É curioso como ser professor é ser herói sem capa, sem bônus e, às vezes, sem papel sulfite. A gente não quer luxo. Quer só respeito, condições dignas e a ousadia revolucionária de ser ouvido. No entanto, todavia, porém, mas parece que isso ainda não caiu no currículo oficial de quem governa.


Ainda assim, resistimos. Resistimos porque o aluno que aprendeu a ler, a conta que finalmente fez sentido, o “obrigado, professor” tímido no fim do ano… isso paga o emocional. Não o boleto, veja bem, ah os boletos. Mas o emocional.


Agora é hora do recesso. Aquele período sagrado em que o professor promete: “Vou descansar.” E acaba dormindo dois dias seguidos, esquecendo o nome dos alunos e estranhando o silêncio ao redor, porque ninguém pediu para ir ao banheiro em horário indevido.


Que este fim de ano traga descanso, riso frouxo, desligamento emocional do grupo da escola (nem que seja por três minutos), e a certeza de que, apesar de tudo, seguimos fazendo diferença... mesmo quando quem manda finge que não vê.


Força, colegas!!!  Sobrevivemos a mais um ano. Isso, por si só, já é um conteúdo de alta complexidade. 📚✨


E o salário óóóó!!!


✍️ Escrito por: Arthur Souto


📚 Autor de: Pé de Menina, O Tumbeiro (Prêmio Book Brasil 2024), A Fada do PIX (Prêmio Ecos da Literatura), Minha vida em versos e flores e Tonha, a barraqueira.


📸 Instagram: @mundo_encantado_dos_livros


🔗 Blog: mundoencantadodoslivros.blogo


🎉 E tem lançamento, um livro hiper divertido e repleto de críticas sociais: Tonha, a barraqueira. Clique no link abaixo e descubra Tonha:


Comentários


bottom of page